Tudo começou nos idos de 1974, quando no Hospital Nossa Senhora das Dores em Ponte Nova, eu nasci. Filho do saudoso Agnelo Ribeiro Caldas Filho e de Elaine Mendes de Ornelas Caldas, pessoas responsáveis pelo meu caráter, dignidade e personalidade e irmão primogênito de Leonardo de Ornelas Caldas, Maria Cristina de Ornelas Caldas e Felipe de Ornelas Caldas. Em Abre Campo, fui criado com muito carinho pelos meus pais, tias e pela minha querida babá que eu chamava carinhosamente de Dadá, que ninguém menos é que a Miracilda, que foi casada com Waltinho de Genesco. Minha vida escolar começou na escolinha da Tia Nenega, depois fui para a Escola Estadual Dom João Bosco, dirigida pela enérgica Dona Aldalci, mulher de pulso firme que comandava os alunos na base da hierarquia e do respeito. Lá tive como professoras, Maria Helena Paiva, Terezinha Filaretti, Ana Angélica e as inesquecíveis Lídia Bastos e Lucineia Amorim. Terminada a quarta série, fui para o colégio dirigido pela não menos enérgica e disciplinadora Socorro. Ela colocava os alunos na linha. Todos a respeitavam caladinhos. Lá tive como professoras minha querida tia Arlete, Dorinha, Zizinha, Dona Izabel, Dona Íris, Cacá, Raquel, Tutinha, Madalena e Celi. Em 1988, deixei Abre Campo para Estudar no Colégio São Francisco Xavier, em Ipatinga e morar na casa da minha querida Tia Ivete, onde fui muito bem acolhido pelo Tio Idalino, pelos primos e pela querida Dionara, mais conhecida pelo apelido de Fisica. Concluído o terceiro grau em Ipatinga, fui para Belo Horizonte, onde morei, primeiramente, na casa da saudosa e querida Tia Maria Teresa (filha de Mirote, ex-prefeito de Abre Campo) e, depois, na casa do saudoso e querido Tio Demétrio para cursar Direito na UFMG. Com o curso concluído, advoguei por 02 anos e depois parti para os concursos públicos tendo trabalhado, nesta ordem, no Tribunal de Alçada de Minas Gerais, Tribunal de Contas de Minas Gerais, Ministério Público Federal e finalmente, Justiça Federal de Minas Gerais onde exerço há 15 anos o cargo de Oficial de Justiça Federal. Pois bem, em Abre Campo vivi apenas 14 anos de minha vida, mas foram anos muito intensos. Sou de uma época que não existia vídeo game, internet, celular ou computador. Sou da época que as crianças brincavam de bolinhas de gude, pique esconde, mamãe da rua, “rouba” bandeira e polícia e ladrão. Eu e meus amigos íamos a pé da cidade ao clube (Oásis Esporte Clube), nadávamos na “pedrinha”, no “açude” (só quem é da minha época entenderá) e jogávamos futebol em campos de terra batida. Por falar em futebol, como não lembrar do time da rua Sete de Setembro que foi invencível e era formado só por craques (risos): além de mim, Ronaldo de Zito, Paulinho e Renatinho de Edwirges, Renato de Roque e Josemar. Como não lembrar também dos bailinhos no salão do Colégio, das noites no Lavras Dancing Club e no Abud e Isak. Por outro lado, também tive tempo para cuidar do meu lado espiritual, vez que fui Coroinha durante o Sacerdócio do saudoso Padre Geraldo da Costa Val e participei de grupos religiosos como o JUA (Juventude Unida Abrecampense). Enfim, foi uma época de maior inocência e de menos perigos que os dias de hoje. Em Abre Campo fiz grandes amizades. Muitos amigos, assim como eu, já deixaram a cidade. Outros, no entanto, ainda estão lá. Sempre que volto à cidade para ver minha mãezinha, tomo umas cervejas com um ou alguns deles. Já pedindo desculpas àqueles que eu, porventura, esquecer, vou citar alguns: Max, na época conhecido como Tchô Tchô, Renato de Roque, na época conhecido como Renatão, Waldenir de Adezílio, Edmárcio de Edgar, Gilsinho, Edmar de Edna, Juninho de Hélio, Nelsinho de Celeste, Rodrigo de Zito e Liliu. Quanto às amigas, decidi não citá-las para evitar maiores problemas (risos). De Abre Campo tenho um sentimento que não existe em outros idiomas, apenas na língua Brasileira que é a saudade. Foram bons, ou melhor, ótimos tempos. Por fim, vou terminar este texto fazendo uma homenagem ao meu querido pai que nos deixou em julho do ano passado. Quando meu pai partiu, um pedaço de mim foi junto, meus dias ficaram mais cinzentos, mas eu estou firme e forte. Não tenho outra alternativa, senão continuar a caminhada que, no entanto, não será muito difícil para mim, já que levo comigo os valores que ele tão bem conseguiu me transferir, quais sejam, caráter, dignidade, personalidade, alegria, bom humor e solicitude. E vou finalizar com uma frase de Sêneca, escritor e um dos maiores Filósofos do Estoicismo que viveu entre 04 a.c. e 65 d.c.: “morrer mais cedo ou mais tarde não importa; importa é morrer bem ou mal. Morrer bem é fugir do perigo de viver mal”. E o Senhor, pai, viveu muito bem. Até um dia.