Entrevista com o AbreCampense Padre Alexandre Fernandes

pag5novembro2018
8
saae2
21
6
26
22
Burgarelli
22
14
5
3
2
transplante-capilar
9
19
29
12
agropecuaria
16
DiskBebidas
4
13
pag5novembro2018 - Copia

O AbreCampense: Padre Alexandre Fernandes, muito obrigado por nos atender tão prontamente. Saiba que os abrecampenses têm muito carinho, orgulho e respeito pelo Senhor. O Jornal O AbreCampense está muito feliz com a oportunidade de entrevistá-lo e saber um pouquinho do Senhor como Padre e como pessoa do bem, que sabemos que é.

Padre Alexandre, quem são seus pais? Quem são seus familiares em Abre Campo?

 

Padre Alexandre: Agradeço muito a oportunidade da entrevista e ao povo de Abre Campo, a quem sou muito grato, o lugar onde me criei, a cidade pela qual tenho grande carinho. Meus pais são Rubens e Lúcia e tenho oito irmãos. Meus parentes ainda moram aí, muitos tios, como o tio Vladimir e outras pessoas queridas da família. Meus pais eram profundamente religiosos, muitos católicos e foi no seio da família que aprendi a ter fé em Deus, a acreditar na igreja e desde cedo a me inserir nas coisas da comunidade.

 

O AbreCampense: Padre Alexandre, ouvimos muitas pessoas chamá-lo de Frei Alexandre. Como o Senhor prefere? Há o tratamento correto?

 

Padre Alexandre: Entrei para o seminário na congregação da Ordem de Santo Agostinho, onde os padres são chamados de freis, que quer dizer frater, e pertence ao clero religioso. Há 20 anos resolvi fazer a experiência como clero diocesano, ligado a uma diocese, e especificamente estou incardinado na diocese de BH. O termo correto é padre Alexandre.

 

O AbreCampense: O Senhor é um grande líder da Igreja Católica e muito respeitado. É o Pároco da Igreja Nossa Senhora Rainha, na Paróquia do Belvedere em Belo Horizonte e comanda os programas Vai na Fé, veiculado na TV Horizonte, e uma Rádio, Belvedere FM e também mantém um Jornal destinado aos fiéis.

Como o Senhor, lida com tantos compromissos? E os compromissos pessoais, como cuidar do corpo, rever familiares, como há tempo para tanto?

 

Padre Alexandre: Estou em uma paróquia que exige muitas demandas, desde as demandas de cuidar das pastorais, o trabalho social onde se encontram inseridos 34 projetos, desde os projetos assistencialistas, como o de geração de renda e os projetos de promoção da vida, onde temos um coral e uma orquestra  chamados Sol Maior para cuidar de crianças em situação vulnerável. Também temos um trabalho muito grande com a PAC, associação de proteção ao condenado, na cidade de Nova Lima, em que mantemos projetos sociais, ajudamos a montar uma fábrica de hóstias onde os presos, que chamamos de recuperandos, podem trabalhar e ao mesmo tempo oferecemos cursos de certificado digital para que eles possam utilizar para remir a pena e ao mesmo tempo ir aprender uma profissão. A paróquia NSRainha também se dedica à comunicação, somos uma produtora de conteúdos para várias emissoras católicas, como a Canção Nova, a TV Horizonte, TV Milícia e TV Evangelizar é Preciso. São muitos funcionários cuidando disso, uma forma que encontramos para evangelizar, falar da palavra de Deus. Todas as semanas publicamos um informativo que, mais do que informativo para o ambiente da paróquia, tem muitos artigos de formação humana e cristã.   Encontrar tempo para tudo isso é uma forma de se dedicar e acreditar na evangelização. Apesar desses compromissos eu reservo um tempo para cuidar também de mim e manter uma convivência com meus familiares. Tento viver, sim, um pouquinho do lado pessoal, fazer exercícios, ir à academia.

 

O AbreCampense: Sabemos que entre tantos trabalhos e tantas conquistas do Senhor junto à Paróquia Nossa Senhora Rainha, destacam-se os Ministérios de Músicas. Sabemos também que Abre Campo é o berço de diversos artistas da música brasileira, como Eduardo Costa, Victor e Leo, o jovem Felipe Bedetti, entre outros. O Senhor, além de incentivar os Ministérios de Músicas, preocupou-se com a correção da acústica da Igreja. Tem haver com esta cultura abrecampense pela música?

 

Padre Alexandre: O lugar onde nascemos sempre nos ajuda a formar e ver um pouquinho daquilo que podemos fazer no futuro.  Tive uma convivência muito grande  com Vitor e Leo e no inicio da carreira eles participaram muito da minha vida, cantavam aqui na comunidade paroquial, sou ainda grande amigo dos dois, sempre mantemos contato. Minha preocupação ao fazer um tratamento acústico na NSRainha foi para que as pessoas pudessem escutar melhor a palavra. Imagine você entrar numa igreja e não entender o que o sacerdote está dizendo. Este precioso tesouro da igreja que é a palavra de Deus precisa ser entendido para ser vivido. Por isso a palavra necessita ser proclamada. Minha grande preocupação antes de tudo foi colocar uma acústica boa na igreja e ao mesmo tempo um som para que as pessoas pudessem entender.   Claro que Abre Campo marcou muito isso, esta cultura musical. Temos incentivado vários ministérios de música, atualmente vários ministros de louvor vêm passando por nossa comunidade. Quero destacar a Denise Gomes, uma voz linda, maravilhosa, que junto comigo gravou um CD oracional colocando músicas para ajudar a orar. E tantos outros que passaram na comunidade paroquial e hoje fazem carreiras-solo, destacando-se no calendário nacional como cantor de louvor de música gospel.

 

O AbreCampense: Na peregrinação pelos Milagres Eucarísticos na Itália o Senhor presidiu uma celebração em Firenze na Itália. Salvo engano, o Senhor usou a seguinte frase durante a celebração em Firenze: “A Eucaristia é uma presença real e viva e, ao mesmo tempo, misteriosa.” Qual a relação da eucaristia misteriosa com a fé? Qual foi a emoção desta celebração?

 

Padre Alexandre: A eucaristia é o grande tesouro da igreja. O nosso São João Paulo II já dizia que a eucaristia constitui a igreja. Sabemos que o sacramento do batismo é o sacramento de entrada na igreja, mas o sacramento da eucaristia é uma forma de ter a presença viva e real de Jesus no nosso meio. Não quero entrar muito na teologia, mas gostaria de colocar algo profundamente importante neste momento. Quando olhamos para o pão ele não tem um significado de que ali está o Senhor – ele é o Senhor. Quando somos batizados recebemos a graça santificante e esta graça santificante traz as virtudes e, principalmente uma delas, a virtude da fé. Nessa virtude da fé eu creio em tudo que Jesus diz, por isso a fé vem pelo ouvido e Jesus diz “isto é o meu corpo”,  “sou eu mesmo”. Assim, quem está presente na eucaristia é o próprio Jesus. Presente com seu corpo glorificado porque está ressuscitado, presente com sua alma e com toda sua divindade porque Jesus é Deus. Para mim a eucaristia é o grande tesouro da igreja, é um patrimônio da igreja e não um patrimônio do padre que celebra. O sacerdote deve viver a eucaristia como um verdadeiro amor à igreja. Quando celebrei percorrendo os milagres eucarísticos, em cada um eu vivi uma emoção muito especial de saber que quando os homens duvidam de sua presença Ele dá sinais de que realmente está ali. Uma grande emoção foi quando visitei a cidade de Lanciano, onde existe o milagre eucarístico de Lanciano.

 

O AbreCampense: O Senhor encontrou com o Papa na Itália? Sobre o que falaram?

 

Padre Alexandre: Eu me encontrei com o papa Francisco quando fui para o lançamento e o reconhecimento pontifício do movimento de células paroquiais de evangelização, o reconhecimento oficial da igreja de que os grupos que se reúnem em casa para viver como pequenas comunidades como fonte da palavra de Deus são reconhecidos pela igreja. A NSRainha tem mais de 70 células paróquias  onde pequenos grupos se reúnem como pequenas comunidades para trocar experiências, para rezarem juntos e ouvir a palavra de Deus. É verdade que a grande célula acontece na celebração eucarística, todos os domingos, mas quando fui meu coração ficou muito contente e animado quando o Papa saudou um grupo de brasileiros que estava comigo e reconheceu que o caminho que estávamos fazendo era um caminho certo, um caminho bonito. Conversamos sobre as células paroquiais de evangelização.

 

O AbreCampense: É verdade que o Senhor, quando criança, colocou fogo na própria casa e se escondeu na torre da Igreja? É verdade também que foi a partir deste fato que o Senhor recebeu o chamado de Deus para assumir o sacerdócio?

 

Padre Alexandre: Sempre fui uma criança muito curiosa. Eu queria colocar na porta do meu guarda-roupa uma lâmpada que quando a porta se abrisse a lâmpada acendesse. Isso provocou um  incêndio no guarda-roupa e quase no quarto e por consequência na casa. Com medo de que meus pais brigassem comigo fui para a torre da igreja e fiquei vendo de lá o movimento na minha casa. Fiquei lá escondido até a noite chegar e quando desci a minha mãe me deu um abraço dizendo: “Meu filho, estávamos preocupados com você”.  Naquele momento reconheci no abraço da minha mãe o abraço de Deus, este Deus que é capaz de nos acolher quando menos somos, nas situações mais difíceis ou quando realizamos uma coisa que não é boa. Meu pai também foi acolhedor e me disse que o consultasse quando quisesse fazer alguma coisa. Foi uma brincadeira de criança. Mas meu  chamado como padre surgiu aos sete anos de idade, quando me ajoelhei aos pés do monsenhor Geraldo da Costa Val, um grande padre que esteve ai em Abre Campo por muito tempo. Foi ele que  influenciou minha vocação. No momento da confissão eu pensei: “Vou ser igual a este homem”. Sou um grande admirador de Geraldo da Costa Val, admirava a forma como ele conduzia a paróquia de Abre Campo, o amor que ele tinha pelos jovens, ele marcou minha vida.

 

O AbreCampense: Na Paróquia Nossa Senhora Rainha, o Senhor lidera sete mil fiéis por semana, 800 voluntários e 40 funcionários. Por isso o Senhor é chamado de Sacerdote das Multidões. Como o Senhor vê tudo isto?

 

Padre Alexandre: Vejo com um dom de Deus. Nunca estou sozinho. Sempre conto com o apoio dos leigos, principalmente neste ano tão importante que o Papa viu na igreja do Brasil o ano do laicado. O padre nunca pode estar sozinho, tem que ter sempre a presença dos leigos. Nós temos um conselho comunitário, um conselho econômico, que eu consulto – eles me ajudam na condição de comunidade paroquial. Fico feliz porque não estou sozinho nas decisões, mas com pessoas queridas, que me apoiam. Valorizo muito essas pessoas, com elas o trabalho tem crescido na nossa paróquia.

 

O AbreCampense: Padre Alexandre Fernandes, mais uma vez muito obrigado.

Parabéns pelo excelente trabalho! Estamos felizes. O Senhor é um abrecampense que nos representa muito bem.

Por gentileza, queira nos agraciar com sua bênção na despedida.

 

Padre Alexandre: Eu é que fico feliz em poder responder às perguntas e ao mesmo tempo trazer à memória aquilo que foi importante e significativo na minha vida. Tudo o que é vivido como positivo e guardado na memória volta com amor. Vocês me fizeram voltar com amor a muitas coisas da minha terra, ao amor dos meus pais Rubens e Lúcia, à presença de minha família na cidade de Abre Campo. Fico feliz por vocês terem se lembrado de mim. Que Deus abençoe a todos. Um grande abraço. Muita paz.