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Abrecampense Ausente: Geovane Miranda

Abrecampense (às vezes) ausente

Guardo em minha memória a doce e ingênua adolescência em Abre Campo, onde a felicidade reinava absoluta e tudo a nossa volta parecia conspirar para que fôssemos felizes e eternos. Os furtuitos namoricos, as “peladinhas” nos campinhos carecas, as brincadeiras nos jardins de nossa mãe Santana, os passeios de bicicleta, tudo isso reluta em deixar minha memória por ter sido tão gostoso e intenso esses momentos. Depois que nos tornarmos adultos mudamos demais nossos critérios de felicidade e, não poucas vezes, acabamos por atrelar nossa felicidade a coisas distantes demais de nossas mãos, provocando um sentimento de frustação, ansiedade e infelicidade. Já no final de 1983, logo após concluir o segundo grau tomei a direção de muitos amigos, Belo Horizonte, buscando ampliar os estudos para tentar uma vida mais fácil e confortável, diferente daquela experimentada pelos meus pais, que em suas sábias palavras, era muito sofrida. Encontrei dificuldades e adversidades de todos os tipos, mas o caminho de volta não era opção disponível, afinal naquele tempo o sucesso nos era cobrado tal como os impostos e as vitórias não eram assim tão fáceis de conquistar.

Hoje olho pra traz e vejo que valeu a pena : duas graduações, uma especialização, emprego relativamente estável e família praticamente criada. Não tenho muito do que reclamar, além do mais sempre valorizo minhas conquistas a despeito das coisas que não eram mesmo para mim. Assim como a Lua não se afasta da Terra, também não consigo afastar-me da nossa majestosa Abre Campo. Cada cantinho da cidade, os amigos, minha família, tudo isso provoca uma atração muito forte em minha vida, o que me faz circundar nossa terrinha em tempos nunca superior a 30 dias. Abre Campo continua adoravelmente simples, divertida, muito religiosa, aconchegante, verdadeiro “colo de mãe” e espero que continue sempre assim, uma grande família onde podemos recarregar nossas energias. Nesse oásis foi contada grande parte da minha história e da minha família, minhas crenças e religiosidade foram ai lapidadas, mais que justo então tanto amor e carinho.
Vida longa à filha de Santana!

“  Se na juventude fiz loucuras,
E por alguma razão esqueci,
Vou na memória à procura,
Quero lembrar do que fiz,
Pois não lembro de nada,
Que não tenha me feito feliz.”
(Paola Rhoden)

 

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